Os salta - pocinhas



COMUNICADO

A estratégia que o actual Presidente de Câmara tem adoptado para o Bairro Alto é bem elucidativa da forma como nos últimos dois anos a cidade de Lisboa tem sido gerida: sobre impulso e de forma casuística.

Já é longa a história dos horários de funcionamento dos bares do Bairro Alto e das medidas avulsas e contraditórias que António Costa tem decidido ao longo do tempo.
Em Fevereiro de 2008, o Dr. António Costa justificando com a defesa da qualidade de vida dos moradores, submete a discussão pública a obrigatoriedade de os estabelecimentos fecharem duas horas mais cedo: meia-noite nos dias úteis, para cafés, cervejarias, tascas e lojas de recordações; 2.00 da manhã para casas de fado, discotecas e bares.

Nessa altura, a Associação de Comerciantes insurge-se em comunicado, apelidando a medida de «desastrada» e «contrária aos interesses do Bairro Alto e da cidade», por temer que «à desertificação diurna» se junte o abandono nocturno, numa zona que descrevem como «a sala de visitas da capital” para além de, como referiram por em causa o «progresso» e «identidade» daquele bairro histórico.
Face à enorme contestação dos comerciantes e frequentadores dos espaços nocturnos, que identificaram a falta de policiamento e de fiscalização como principal problema, António Costa, a 28 de Fevereiro de 2008, em reunião com a Associação de Comerciantes, recua e cancela a medida. Nessa reunião, António Costa assumiu vários compromissos: Reforço da iluminação pública, mais policiamento no combate ao tráfico de droga, bem como medidas de limpeza de Grafitties.

Mais tarde o Semanário Sol, na edição de 1 agosto de 2008, dá a seguinte notícia….”que apesar ter sido garantido em Abril deste ano, o reforço do policiamento da zona no âmbito de um protocolo já existente entre Ministério Público, PSP e CML que visa melhorar a eficiência das forças policiais ao tráfico de droga, serão os comerciantes a pagar do «próprio bolso» a segurança na zona. “ Ou seja António Costa, não cumpriu com moradores, nem cumpriu com comerciantes.
Em Setembro de 2008, o PSD em Assembleia Municipal, afirma »Se o País vive um dos piores períodos de insegurança da sua história, com toda a incapacidade do actual e anterior ministro da Administração Interna em enfrentar a onda de violência (…) o Bairro alto é o pior exemplo em Lisboa», afirmam os deputados municipais do PSD, que exigem da autarquia a «tomada de medidas urgentes que passe por «um plano de salvaguarda a aprovar pela Assembleia Municipal». Mais dizem que a Camara Municipal de Lisboa, ao contrário de qualquer outro município responsável, tem desprezado olimpicamente um dos seus bairros mais emblemáticos», afirmam, lembrando que «nas ruas é visível o lixo por recolher» e «as paredes ao longo de todo o bairro cobertas de cartazes».

Os deputados municipais social-democratas lembraram ainda que esta situação - «representa um claro retrocesso no esforço que anteriores executivos vinham desenvolvendo no sentido da valorização do Bairro Alto e da total erradicação da publicidade selvagem e grafittis das paredes».

Oito meses depois do compromisso estabelecido com a Associação de Comerciantes, a 13 de Outubro de 2008, o Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, apresenta um Plano para o Bairro Alto onde anunciou como novas, cinco medidas para melhorar a qualidade de vida dos moradores : combate aos graffiti selvagens, novo horário de funcionamento de restaurantes e bares, mais limpeza urbana e mais e melhor iluminação e segurança.
Nessas medidas, volta pois, a dizer o dito por não dito, e contrariamente ao que havia acordado com os comerciantes , estabelece para funcionar a partir de 1 de Novembro de 2008 os novos horários de funcionamento dos bares e restaurantes do Bairro Alto, que passam a fechar obrigatoriamente até às 02.00. Este recuo não agradou nem a moradores nem a comerciantes.

Agora,apenas a dois meses das eleições, assiste-se a mais um volteface: António Costa, procede ao alargamento, para as 3.00, do horário do fecho dos estabelecimentos nocturnos que havia restringido por despacho, em Novembro de 2008.
Então e as questões de segurança e os moradores, agora já não importam? Que circunstâncias factuais implicaram esta alteração? Que avaliação a justificou?
António Costa, como é sabido, diz-se “bom de contas”, e na comparação entre o número dos utentes e moradores do Bairro Alto, terá chegado à óbvia conclusão que os utentes, sendo uma maioria largamente superior, darão mais votos?
Será isto Planear e preparar o Futuro? Será isto cuidar da Cidade? Que incogruência e irresponsabilidade. Os avanços, os recuos e as contradições desta Câmara, vão sendo cada vez mais notórias à medida que nos aproximamos das eleições. Aliás, já ninguém estranha pois basta ver a evolução das posições de António Costa e de Sà Fernandes sobre matérias estratégicas e determinantes para o futuro de Lisboa, como nos casos do Terminal de Contentores e da Terceira Travessia do Tejo.
São lamentáveis as figuras que algumas pessoas se dispõem a fazer só para tentarem manter o poder!

Só para ficar registado o contraste, Pedro Santana Lopes, em entrevista ao jornal I,de há uma semana, quando questionado sobre a anterior posição de António Costa – e apesar de o jornalista lhe ter lembrado que os utentes eram muitos mais do que os moradores- respondeu que não ia prometer qualquer mudança só por razões de calendário eleitoral. E também apesar da sua posição, que já expressou, várias vezes, sobre as características do Bairro Alto que devem ser protegidas e enriquecidas.

6 comentários:

Anónimo disse...

Gostava de saber o que o Sr. Dr. Pedro Santana Lopes pensa fazer quanto à segurança no Bairro Alto e se vai autorizar a circulação de Motociclos na faixa de Bus.

São questões para mim importantes, e tambem para a maioria dos Lisboetas.

Fernando Crispim
maxifnc@sapo.pt

R. P. disse...

A caça ao voto em que António Costa anda agora dá nesta troca-tintas de conversa e de medidas avulsas para enganar o povinho! É uma vergonha!

Rui Santos disse...

Boa tarde Sr. Pedro Santana Lopes,

Somos uma jovem familia residente em Entrecampos, num projecto do seu mandato, e que grande projecto!
Mas venho aqui deixar a nota de que o Projecto Epul Entrecampos foi alterado pelo Sr. António Costa, retirou área verde e cultural e aprovou mais prédios e ainda por cima esses prédios são para escritório! Se puder e espero que sim, ponha um ponto final nesta muito má ideia e retome o projecto inicial! Um grande abraço, e Força Lisboa Força Santana! ruinelsonsantos@gmail.com

Anónimo disse...

Mais uma achega: no passado dia 29 de Julho foram lançados diversos procedimentos concursais para cargos de direcção intermédia da Câmara Municipal de Lisboa, já publicitados na Bolsa de Emprego Público. Serão seguidos de outros. Faz isto algum sentido, numa altura de férias e a pouco mais de 2 meses das eleições autárquicas? E repare-se na falta de adequação entre algumas licenciaturas exigidas e os respectivos cargos...

Inez Dentinho disse...

Quem leia a última proposta de António Costa sobre o que pretenderia fazer na Baixa caso ganhasse as eleições fica esclarecido: contente com a guerra civil que hoje se vive no Bairro Alto - onde sempre conviveram vários mundos num só - os socialistas priveligiam um prolongamento de animação nocturna para a Baixa o que não seria convidativo para as novas Famílias que ali se queiram estabelecer. Será assim que se promove o repovoamento ou se combate a desertificação do Centro?

Rui Mateus disse...

Qual a solução que o Dr. Pedro Santana Lopes propõe para a situação vergonhosa vivida pelos moradores do Bairro Alto e de Santos-o-Velho, impedidos de dormir antes do encerramento dos bares, obrigados a conviver com a desordem e com o lixo criados noite após noite.
Que soluções propõe?