A ferver

Uma caldeirada está geralmente pronta 30 minutos depois de levantada a fervura. No caso da candidatura socialista, no entanto, ela já ferve há meses e não há meio de terminar. Percebe-se bem, por isso, que os jovens de Lisboa tenham realizado um vídeo como meio de protesto, contra a total incongruência entre o que um diz e outro desdiz nas hostes do PS. Sucede até, muitas vezes, que quem diz e desdiz é a mesma pessoa.

É isso que mesmo que agora sucede ao vir a lume mais uma notícia, entre as várias que evidenciam a capacidade do vereador Sá Fernandes de negar aquilo que ele mesmo fez no passado.

De acordo com o jornal Público, a «CML analisa a suspensão parcial do PDM para viabilizar hotel no quartel da Graça». E Sá Fernandes, no mesmo artigo, vem falar no suposto benefício para a cidade daí decorrente, a propósito de um trabalho de limpeza e desmatação da zona a abrir posteriormente à população.

Ou seja: O mesmo Sá Fernandes que, em 2000, moveu uma acção popular clamando pela devolução do edifício a Lisboa, aparece agora a defender a passagem para privados do edifício a um hotel, em troco de uma cerca.

Repare-se que não está, para nós, em causa a validade da concessão hoteleira para o edifício ou este dossier do quartel da Graça em particular. Está sim, tão-somente, o facto de tanta confusão, na cabeça dos vereadores socialistas, nenhuma segurança dar sobre o que pensarão amanhã. A avaliar pelos exemplos recentes, será o contrário do que dizem hoje. Por enquanto, a caldeirada vai fervendo. E em lume que é tudo menos brando.

1 comentários:

Planeta Alfama disse...

Faz todo o sentido, para quem conhece a Graça. Na Graça não existe qualquer espaço verde e as traseiras do convento, do quartel da GNR e das instalações do exército são uma zona abandonada e vedada. Acresce sublinhar que a Graça não tem oferta de alojamento turístico, para além da pousada do monte e de algumas casas particulares, portanto faz todo o sentido criar estruturas que visem dar resposta:
1 - À procura turística, tornando-se num polo de atracção turística e de criação de emprego e valor para todos os comerciantes da zona;
2 - Criar condições para que os residentes possam aceder a um espaço verde que apesar de ser público lhes é vedado e é um custo para todos nós
Isto naturalmente, independentemente das guerrinhas partidárias entre candidaturas e mais acrescento que tenho todo o prazer de os levar pela mão e mostrar a zona para entenderem a relevância do projecto