A DUPLA DESCONSIDERAÇÃO

O que se tem passado na candidatura do PS à Câmara Municipal de Lisboa é deveras impressionante.

Antes do mais, e como a generalidade das opiniões escritas e faladas tem feito notar, pelo que revela quanto à total desorientação que se apossou dessa candidatura, bem como de quem dirige um Movimento que, apesar de tudo, era dos poucos que dava razão às alterações à Lei Eleitoral para as Autarquias que permitiram as candidaturas de cidadãos independentes.

Mas o mais significativo nas movimentações plenas de ansiedade e nos acordos plenos de velocidade que ocorreram esta semana que passou, reside na dupla desconsideração que implicaram.

Em primeiro lugar, uma enorme desconsideração pelos Lisboetas. Ao falarem, como falaram, de lugares, de listas, de números uns e números dois, de vice-presidências, de lugares elegíveis, sem fazerem a mínima alusão a causas e objectivos de programa, revelaram aquilo que os preocupa: tudo fazerem para manter o poder, sem se dedicarem aos aspectos que poderiam implicar mudanças nas condições de vida dos Lisboetas.

Num caso, fez-se uma cerimónia num miradouro com uma associação recentemente criada, para o efeito, por um Vereador e, noutro, o actual Presidente e uma Vereadora foram assinar um texto a uma sala de Hotel, depois de reuniões com umas poucas de «bases» nos gabinetes da própria Câmara.
Disseram, então, para quem seria o número um da lista, quem ficaria com o segundo lugar e quem poderia ser Vice - Presidente… Sendo assuntos tão sérios, nem se pode acreditar no que parecia, algo como palavras de crianças a brincarem com assuntos de adultos.

A segunda desconsideração é para com o líder do PS, José Sócrates.
Na verdade, todas estas declarações sobre a hipótese de António Costa sair da Câmara (naturalmente, de Vereador da Oposição) e sobre quem o substituiria, partem do pressuposto de que José Sócrates poderá ter de ser substituído daqui a algum tempo. Quanto? Não o dizem! Mas cabe perguntar: porquê? Porque vai perder eleições? Porque será forçado a demitir–se? E por que razão assim pensam e assim falam publicamente?
Quando o número dois da actual Direcção do PS e a segunda figura do Movimento de Manuel Alegre admitem o que admitiram, publicamente, esta semana, a pouco tempo de eleições Legislativas, isso tem, como é óbvio, um enorme significado político que não é nada agradável para José Sócrates.

É raro ver pessoas experientes agirem com tal desnorte por causa do receio de resultados eleitorais. Mas, de qualquer modo, foi esclarecedor.
Valha-nos isso a todos nós, Lisboetas.

5 comentários:

Amalia disse...

De facto, e mais uma vez se constata que a campanha dos socialistas e dos ditos movimentos independentes não faz sentido, tentam de tudo para manterem os lugares na Autarquia.
Só mostra o quão importante é a sua candidatura.
Traçando um sentido unico, apurado, coeso e atento às pessoas, a sua candidatura faz todo o sentido.

Manuela Tavares disse...

Olá Dr. Pedro Santana Lopes, meu companheiro de jornada :-)
Vindo de Helena Roseta nada é de admirar.

Quando as pessoas voam de partido para partido, só vejo um objectivo...

Vontade de se servir.

Ela adere a movimentos, faz coligações,quer é protagonismo.

Pena tenho eu de não morar em Lisboa, porque o meu voto era para si, mas espero vir aqui dar-lhe os Parabéns.

José Peralta disse...

Caro Dr. Santana Lopes

Independentemente da simpatia pessoal que tenho por si (e tenho!), e por aquela sua faceta de "play-boy" e "bon vivant",(que creio já ultrapassada...) não posso deixar de lhe dizer que, como político e autarca, o senhor nunca me convenceu !

O senhor deixou em Lisboa, o "terramoto" urbanístico e financeiro, de que agora culpa outros.
O que é demagógico, mas compreensível em campanha eleitoral.Ninguém espera que o senhor diga mal da sua acção...

Mas,se assim não foi, e eu estou errado, como se compreende o pânico que se apoderou dos seus seguidores, por causa do apoio de Helena Roseta e de outros, até do seu Partido, a António Costa ?

Então na Blogosfera, tem valido de tudo, desde os insultos mais soezes a Helena Roseta e a António Costa, por parte de cobardes "valentões" anónimos,(pois claro !) que o senhor, óbviamente, será o primeiro a verberar e a condenar.

Parecem um formigueiro onde alguém põs insecticida...

Mas porquê ? Não têm a sua vitória, já dada com certa ?

António Almeida Cardoso disse...

Concordo consigo, Dr. E o que mais me entristece é que votei Helena Roseta e agora sinto-me orfão. Não escrevi aqui para lhe dizer que voto em si, porque tenho o preconceito de votar na direita. Mas a esquerda também já não é o que era.

Telmo Vitorino disse...

Vai em frente. Nós, os lisboetas, somos a tua gente