O Parque Mayer não merece demagogias

A candidatura socialista veio desenterrar, pela enésima vez, o projecto para o Parque Mayer do arquitecto Frank Ghery. Dizem eles que o mesmo custou 2,9 M€, o que não é de todo verdade. E ainda que o mesmo projecto foi para o cesto dos papéis, o que só sucedeu porque houve quem assim o decidisse. Caso contrário, o Parque Mayer teria hoje um edifício arquitectónico de referência mundial.

O que a candidatura socialista não disse foi aquilo que é verdadeiramente notícia, se não mesmo escandaloso; Que as festas que decorrem até ao dia das eleições no Parque Mayer - pasme-se pela "coincidência" - foram subsidiadas de forma ilegal pelas contrapartidas iniciais do Casino de Lisboa, destinadas exclusivamente a equipamentos culturais.

Em vez disso, o executivo de António Costa desperdiçou 1,9 M€ (que parecem já ter derrapado para 2,1 M€) num festival de música, efémero e eleitoralista. E que no final, se não ao cesto dos papéis, irá certamente para o caixote do lixo.

A demagogia socialista e de António Costa é esta: Apontar o dedo para longe das suas acções de nociva e duvidosa gestão, numa tentativa de distrair os tolos. Os Lisboetas, felizmente, não o são. E distinguem bem entre o que foi um projecto de referência para a cidade, e aquilo que não passa de desperdício para caçar votos. Ainda para mais deturpando a lei e as suas intenções.

1 comentários:

zé sequeira disse...

Gostava de partir de um ponto já "a atrasado", como se diz em algumas zonas de Portugal.

Ainda antes do 25 de Abril, o Presidente da CML, Santos e Castro, em cujo mandato foram construídos alguns desnivelamentos
viários, como o que passa sob Entre Campos ou entre as Avenidas de Roma e EUA, viadutos do Campo Grande, da Av.Gulbenkian, da Augusto de Castro, o provisório/definitivo de Alcantara, foi o grande iniciador das obras tendentes a
dotar Lisboa de infra-estruturas capazes de começarem a dar resposta ao então ainda incipiente, mas já preocupante, fluxo de trânsito, motivado pela crescente ocupação habitacional dos suburbios. Umas pagou, outras passou ao seu sucessor, como já o seu antecessor (França Borges) tinha feito consigo. Dos seus sucessores imediatos pouco reza a história até que Nuno Abecassis voltou a investir nesse tipo de obra, tão necessária como dispendiosa: Túneis e viadutos (p.e. nas Amoreiras), habitação social, inicio da reconstrução
do Chiado, etc...; mais uma
vez, dado o "volume" da obra voltou a ser necessário passar parte da "bola" para os jogadores seguintes, Jorge Sampaio e João Soares, igualmente com obra feita na habitação social, nos diversos túneis que percorrem longitudinalente a Av. da República ou transversalmente
as de Berna e João XXI. Como não podia deixar de ser, calhou a Santana Lopes o ónus do pagamento de alguns desses melhoramentos, incluindo parte dos custos da Expo98, juntamente com o seu próprio legado: Túneis do Marquês, do Rego de Cabo Ruivo, mais habitação social, mais piscinas, mais estacionamento, mais regulação do
trânsito, mais recuperação de bairros históricos...

Aqui chegados cumpre dizer que a norma de todos os cidadãos que atrás referi foi, acertadamente, honrar a obra e os projectos
em curso de quem o precedeu, sem queixas exageradas, e, por sua vez avançar com os seus próprios projectos, sempre com a consciência
do grande princípio norteador da nossa vida em comum e que não se pode dar ao luxo de deitar fora obras já contratualizadas.

É então que aparece "o estranho caso" da dupla Costa/Zé. Eleitos numa situação penosa para a gestão PSD/CDS da CML e em pleno
auge da arrogância maioritária do PS, na época em que este partido se mantinha com valores de popularidade elevados (pelos vistos era só "bolha"), acharam-se no direito de, com desprezo pelo dinheiro dos nossos impostos, rasgarem o que estava em projecto mas já contratualizado e não terminarem o que era necessário terminar. Tudo isto em troca de uma mão cheia de nada. Acreditaram que bastava colocarem-se debaixo da asa do governo, apoiando tudo o que este pretendia, em termos de "negociatas" publico/privadas para a cidade, incluindo
o Aeroporto na Ota (lembram-se? parece que eles já não), para virem a ter sucesso.

Pelos vistos o "esquema" tornou-se difícil ou até (como espero) impossível. Com Pedro Santana Lopes, temos a certeza que a gestão
da autarquia vai voltar a ser responsável, honrando, inclusive, a pouca obra dos actuais inquilinos da CML e, essencialmente, anunciadora de uma modernidade ousada MAS respeitadora dos nossos valores e da nossa história, que vai alcandroar esta bela cidade ao patamar que merece entre as grandes cidades europeias.

josé sequeira