Ficou famoso o desejo, certa vez expresso por José Sá Fernandes, de ter uma horta em plena Praça de Londres. Desde então, o vereador camarário já abdicou da defesa dos interesses das alfaces, mas não deixou de atacar os interesses dos alfacinhas.
Incansável na sua desesperada cruzada de apelo ao voto, concentrado nesses milhões de ciclistas que acredita existirem subindo e descendo as sete colinas da cidade, Sá Fernandes decidiu agora substituir cerca de 500 lugares de estacionamento no Bairro Azul por mais uma das ciclovias que tanto têm intrigado os Lisboetas.
Não se critica aqui a existência das ciclovias em si, mas sim a forma não planeada e desconexa como têm sido impostas, em lugares onde não fazem sentido algum e à revelia do interesse dos frequentadores dessas mesmas zonas.
No caso do Bairro Azul, é indiferente a Sá Fernandes que, ao fazê-lo, prejudique quem trabalha. Para ele são apenas bancários e esses, segundo afirma: «têm todos garagem». Di-lo como quem ignora que nem as empresas nem bancos oferecem lugares a todos os seus funcionários. Se assim fosse, seria bem mais fácil estacionar na cidade.
É-lhe também igual se a ilógica decisão veio afectar seriamente a comunidade islâmica, em particular os mais idosos, que vêem agora dificultados os acesso à Mesquita de Lisboa, seu local de culto.
Nada disto interessa a Sá Fernandes. Para ele, o trabalho autárquico é uma simples equação entre o número de votos que imagina ganhar, e aquilo que entende serem os interesses da cidade. Este executivo camarário procede assim retirando lugares de estacionamento ou dando luz verde às obras que beneficiam os interesses do Governo em detrimento da cidade. Esquece-se, porém de quem trabalha em Lisboa e contribui para sua riqueza, nomeadamente através dos serviços e do comércio. Assim tudo o que conseguirá, com as suas bicicletas, é ir de carrinho.
5 comentários:
(...) os mais idosos, que vêem agora dificultados os acesso à Mesquita de Lisboa (...)? Então os mais idosos conseguem atravessar a rua mas não conseguem atravessar a pista de bicicletas? É um receio um pouco estranho...
Há cada vez mais jovens a usar a bicicleta não só para passear mas também para ir diariamente para o trabalho (ou para a universidade). Isso é possível sobretudo para quem vive dentro da cidade, isto é, para quem vota em Lisboa. Só na minha rua tenho mais três amigos que também começaram a fazer isso este ano. Vamos votar todos em Lisboa, portanto, vejam lá o que dizem das ciclovias, que nós estamos atentos... ;-)
Então e que têm a dizer do facto de quase todos os lugares de estacionamento do Chiado terem sido alterados para estacionamento dos moradores? Também é uma má medida?
Para além do mais todas as grandes capitais europeias, e felizmente tenho a sorte de conhecer muito bem muitas delas, têm um sistema de bicicletas municipais com sucesso. Porque é que em Lisboa será diferente?
Gonçalo Ribeiro Telles projectou este corredor verde, que muitos defenderam e só agora será feito. Tira zero estacionamentos. Eram terrenos poeirentos onde alunos da universidade nova estacionavam indevidamente para não porem o carro nos lugares tarifados. O artigo do PUBLICO de hoje é claro sobre isso. Ninguém fica prejudicado e todos são a favoir daquela obra. Menos vós. Hortas na Praça de Londres? Falso...
Está tudo muito contente com as ciclovias. eu também estaria contente se no local onde moro (Av de Roma) não tivessem tirado os já poucos lugares de estacionamento para colocar um passeio ainda mais largo do que já existia e junto da linha do comboio onde havia lugares para 4 carros agora existe para 2!!!
É isto que a ciclovia está a fazer e depois dizem as pessoas não estão em Lisboa. Como posso morar em Lisboa se não posso ter carro nem lugar para estacionar e o pouco que existe vai sendo cada vez mais retirado.
Interessante seria, como se sugere, que as ciclovias fossem implantadas com lógica, sem que tal impedisse o restante funcionamento da cidade. Hipotecar 500 lugares de estacionamento é mau. Mesmo havendo 3 vizinhos numa rua com bicicleta quantos há com carro? E se os moradores quiserem ir de bicicleta para o seu trabalho onde deixam a viatura? Já agora, ninguém diz que os idosos não conseguem atravessar ciclovias mas que, por causa delas, são obrigados a deixar a viatura muito longe da mesquita, local, para quem não conhece, com muita aglomeração de pessoas. Pensem as ciclovias como necessárias mas com sentido. Parece que muita gente está satisfita por ver o passivo a aumentar, não haver obra e ver a cidade cheia de cartazes de propaganda... pelo menos andam de bicicleta. Força Pedro
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